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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Aids não tem cura, vocês lembram disso não é?


Aids avança em garotos gays de 15 a 24 anos


O número de garotos homossexuais portadores de HIV, com idade entre 15 e 24 anos, aumentou 60% entre 2000 e 2010, segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado ontem. Além disso, o número de infecções entre rapazes gays dessa mesma faixa etária, que chegou a cair de 2008 para 2009 (de 473 para 448), voltou a crescer no ano passado, atingindo 514 infectados. O aumento significa que, nesse grupo, a doença está na contramão da tendência verificada na população como um todo: o número de novos casos de aids vem caindo no País, assim como o total de óbitos decorrentes da doença. 
Os índices, segundo o Ministério da Saúde, indicam que o risco de um jovem gay brasileiro estar infectado pelo HIV é 13 vezes maior do que o restante da população da mesma faixa etária. Por causa disso, neste ano, a campanha brasileira para o Dia Mundial de combate a aids, celebrado na próxima quinta-feira, será focada especialmente nesse público – tendo o seguinte slogan: ‘A aids não tem preconceito. Previna-se’. Redes sociais, shows e programas populares de TV divulgarão formas de se evitar a doença.
Para explicar a maior vulnerabilidade de jovens gays masculinos, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, cita a hipótese de que essa população teria crescido num período em que a aids já não é mais vista como uma sentença de morte”. Sem ter vivenciado os problemas do início da epidemia, o grupo teria “relaxado” na prevenção.
Uma pesquisa feita em 2010 pela pasta já mostrava que rapazes gays usavam menos camisinha do que a população em geral. O jovem R.C. Jr. , de 25 anos, diagnosticado com HIV há quatro anos, faz parte dessa estatística. “Eu me relacionava com duas pessoas. Eram parceiros fixos, quase namorados. E, por isso, achava que podia transar com os dois sem preservativo. Um absurdo, um erro”, admite.
Os três, R. e seus dois ex-namorados, são soropositivos hoje. “Se eu me arrependo? Claro. Primeiro me senti traído, enganado, injustiçado. Depois veio a certeza da estupidez, as crises de culpa. É difícil, mas é possível ter uma vida normal. Só tenho medo do preconceito, por isso, não falo que sou soropositivo para ninguém. Nem mesmo meus parceiros sexuais sabem. Mas agora, não faço mais nada sem camisinha”, garante.
O Boletim Epidemiológico indica que, em 2010, foram confirmadas 514 infecções entre garotos gays de 15 a 24 anos que adquiram a doença por meio sexual, o equivalente a 26,9% dos casos da doença entre os jovens desta faixa etária - em 2000 esse número era menor, com 321 pacientes. Já entre jovens heterossexuais que foram contaminados após relação sexual, a tendência é inversa: em 2000, eles respondiam por 29, 8% dos casos confirmados da doença enquanto em 2010 representavam 21,5%. Há, ainda, contaminações ocorridas por meio de drogas e transfusões de sangue.
Entre os fatores que ajudam a explicar esse panorama, na avaliação de integrantes de movimentos sociais ligados ao setor, está a dificuldade do acesso a ações de prevenção, sobretudo por causa da homofobia. “Há centros que não estão abertos para esse público. Daí a necessidade de estratégias específicas”, diz o presidente do Grupo Pela Vidda, Mário Scheffer. 
O aumento de casos entre jovens gays destoa do que se verifica entre os números gerais. Em 2010, foram registrados no País 34.212 casos novos da doença – menos do que os 35.979 contabilizados em 2009. As mortes também caíram. Em 2010 foram 11.965, ante 12.097 informados em 2009.
De um modo geral, a epidemia está estabilizada”, diz o diretor do Departamento de DST-Aids e Hepatites Virais do ministério, Dirceu Greco.
Lígia Formenti e Felipe Oda

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